segunda-feira, 30 de novembro de 2009

geografia I

eu fui pra Recife nesse fds dar aula sobre reabilitação cognitiva (como ajudar quem tem problema no cérebro a fazer ele funcionar melhor). tive um pouco de dificuldade de estimar o tempo da viagem das alunas dos estados vizinhos. percebi que, de distâncias de viagem no Brasil, eu só sei a estimativa grosseira "pro Rio 500, pra Brasília 1500". pra mim, São Paulo é tipo uma praça da sé do mundo, sabe? então, tive que voltar pro mapa pra ter uma noção da escala.

daí, lembrei dos meus 9 anos de idade, na 4a série, estudando geografia no chão do meu quarto, junto com a cristiane 'pitomba', minha amiguinha da classe. minha mãe sentada na minha cama fazendo graça e ensinando truques mnemônicos pra ajudar a gente a decorar as capitais. minha mãe fazia treino cognitivo comigo desde pequena e eu nem sabia. minha mãe é fudidona!


...


você sabe localizar os estados e nomear as capitais?
faça o teste.
(depois, se vocês quiserem, eu ensino os truques que a minha mãe usava pra me ajudar a estudar.)


terça-feira, 24 de novembro de 2009

totó

heitor com agá. benedicto com cê mudo. prado. tinha o apelido de totó e era o mais novo dos meninos. minha vó chamava os três filhos de meninos até o dia que morreu aos 96 anos (os "meninos" passados dos 70). ela contava que o tio heitor nasceu fraquinho, fraquinho. foi uns tempos pra fora da cidade, morar com a vó dele, pra mudar de ares. ninguém sarava sem mudar de ares. quem diria que ia virar um touro de forte? comia uma dúzia de bananas e uma dúzia de ovos todo dia de manhã antes do tiro de guerra. dizem que foi um jovem lindo de morrer. formou-se para cuidar de gente. primeiro professor e depois dentista. mas foi trabalhar mesmo com números. dizem que era muito genioso e difícil. mas isso é o que dizem. eu mesma nunca conheci esse lado. só sei que seguiu sozinho a maior parte do tempo. teve duas mulheres. uma filha com cada uma. duas netas e três netos. tinha um coração enorme. participava sempre da vida de todo mundo, queria saber de tudo, nunca esqueceu um aniversário. comia muito, muito devagar. sempre rezava antes das refeições. era sistemático e inteligente. sabia um pouco de todos os assuntos. adorava crianças. adorava doces e comidas diferentes. ficava tão animado com presentes comestíveis que me fez criar uma tradição de levar-lhe um panetone todo final de ano só pra ver a cara dele de satisfação. nos últimos meses esteve fraquinho de novo. mudou de ares pra ver se sarava, mas não teve jeito dessa vez. ontem o coração dele parou de bater. hoje estava todo mundo lá pra se despedir e dizer que ia sentir muita saudade dele. foi triste, triste.
.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

desperdício

eu tenho fé nas pessoas. acredito que todo mundo é capaz de ter um lado bom. acho que isso eu aprendi com a minha mãe. ela consegue ser generosa sempre, mesmo ao olhar gente fazendo bobagem da grossa.

quando eu ficava muito crítica com alguém, ela conseguia me ajudar a dar um desconto, ver o ponto de vista do outro. ela dizia que ninguém acorda de manhã pensando: "puxa! hoje vou fazer cagadas homéricas, vou fazer tudo errado!" na verdade cada um tenta fazer o que acha certo. a gente faz o melhor que dá.

eu fiquei pensando nisso quando soube da morte do celso pitta. pelo que me lembro ele era um cara muito inteligente, formado e pós-graduado em boas escolas. chegou a ser prefeito de uma das maiores cidades do mundo e fez o que? alguém lembra alguma coisa de bom que ele tenha feito? é triste, não é? eu acho...

tomara que pelo menos alguém da família, ou amigos, ou alguém tenha alguma coisa de bom pra falar dele, do conjunto da obra, do passado, sei lá. senão é muito desperdício de vida, não é não?
.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

monstros s.a.


no manual para pessoas que sofrem deviam constar instruções de como não se tornar um monstro. de como não ser intratável e arredia só porque você não se sente bem e acha que não tem nada de bom pra dar. de como não infernizar a vida dos outros com seu escárnio e seu cinismo só porque você está com raiva. de como não se achar no direito de negligenciar as necessidades das outras pessoas em favor do seu umbigo. de como não contaminar a água da população com seu fel de pessimismo só porque você está triste. de como não ser agressiva e bocuda só porque você se sente julgada e desconfortável na presença de outras pessoas. só que não tem nada disso no manual. a única coisa que tem é a mesma frase em todas as páginas: uma hora vai passar. grandes merdas. se era pra falar isso não sei porque abriu a boca.
.

bandeirada

que trânsito, não?
ah! são paulo não dá mais...
não tem mais horário. é o dia inteiro cheio de carro.
nem diga!
precisava era melhorar o transporte público, isso sim!
é verdade. uma cidade tão grande e o metrô é tão pequeno.
pois é. se não melhorarem o metrô essa cidade vai parar!
já parou, meu amigo. já parou...
.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

térreo por favor

gente, mas tá quente, não?
pois é. ontem a noite tava até fresquinho, e agora esse forno...
não é?
tempo doido, viu?
.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Bolo Peteleco

a receita da tia maria helena era igual a da cozinha nestlé: o peteleco é um bolo de chocolate estilo nega maluca, fácilimo! fica muito fofo e saboroso. não tem como errar. bom pra todas as horas. não precisa bater. super rápido!

Ingredientes
Calda
6 colheres (sopa) de açúcar
2 colheres (sopa) de Chocolate em Pó DOIS FRADES
1 colher (chá) de raspas da casca de laranja
1 colher (chá) de manteiga
Massa
3 xícaras (chá) de farinha de trigo
2 xícaras (chá) de açúcar
1 xícara (chá) de Chocolate em Pó DOIS FRADES
1 colher (chá) de fermento em pó
1 colher (chá) de bicarbonato de sódio
1 xícara (chá) de óleo
2 ovos ligeiramente batidos


Modo de Preparo
Calda
Misture todos os ingredientes e leve ao fogo baixo com meia xícara (chá) de água, deixando ferver até obter uma calda grossa. Retire do fogo e espalhe ainda quente, sobre o bolo, assim que retirá-lo do forno.
Massa
Peneire juntos a farinha, o açúcar, o Chocolate em Pó, o fermento e o bicarbonato em uma vasilha. Junte o óleo, os ovos e por último duas xícaras (chá) de água fervente, misturando bem. Despeje a massa em uma assadeira retangular (22 x 33 cm) untada e asse em forno médio-alto (200ºC), preaquecido, por cerca de 25 minutos.

Sirva puro ou com sorvete.
Também fica uma delícia acompanhando o cafezinho.
.

domingo, 15 de novembro de 2009

ok. i got it. the joke is on me.

and when i say 'life's been ironic', what i really mean is 'life has a fucking twisted sense of humor'. you may call it irony. i call it pure bad luck. or, in this case, pure bad timing. extremely, hugely, ridiculously bad.



a letra da música tá aqui.
.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

um dia a casa cai

Assim como as vestimentas e costumes, a língua também tem modismos. Lamentavelmente, a grande maioria não serve pra nada a não ser desafiar o ouvido e o estômago daqueles que apreciam a língua mãe. Uma pessoa começa a falar uma bobagem aqui, outra repete ali e, quando se vê, temos gerundios pipocando pra todo lado, discursos começando com 'enfim', expressões inadequadas sendo usadas na hora errada.

Nos últimos tempos a expressão mal colocada da vez é o 'literalmente'. Por alguma razão esdrúxula as pessoas passaram a usá-la para dar ênfase a uma idéia, no lugar de um advérbio de afirmação, mas em geral em situações que nada tem de literal. Na verdade, o que acaba acontecendo é que a palavra é usada para denotar algo exatamente não literal. É igual usar 'com certeza' no lugar de 'nem a pau'. Não tá certo, minha gente!

Outro dia uma pessoa me disse a seguinte pérola: "Nossa! Estou literalmente morta de fome." Veja bem, querida: se tem uma coisa que você NÃO está, e eu posso verificar pelo fato de que você está aqui falando comigo, é 'literalmente morta'. Sacou?

Algumas outras que ouvi recentemente: "Claro que ele chegou atrasado de novo, e eu fiquei literalmente puta!"; "Na hora que eu vi que ela estava lá, saí literalmente voando daquele bar."; "Eu literalmente chutei o pau da barraca na reunião." E por aí vai...

Bom, tudo isso pra deixar claro que eu tenho consciência do uso correto da expressão. E também pra contar pra vocês que o teto literalmente desabou na minha cabeça.


(e nem é a primeira vez que isso acontece!)
.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

mais de mil vezes

ninguém liga no telefone de casa. não quem quer me achar. quem poderia ser? deixei tocar mais de mil vezes pensando que não queria falar com ninguém. mas no fundo torcendo pra ouvir sua voz na secretária. você sabe que eu não atendo mesmo. talvez estivesse querendo dar um sinal de vida. deixar um contato. sei lá. ligar pra não conseguir falar. deixar um recado sem dizer nada importante. só pra não acabar de vez com a comunicação. acho que quem queria isso era eu. deixei tocar mais de mil vezes. resolvi atender na esperança de ser você. era engano. ninguém liga no telefone de casa. não quem quer me achar.
.

blecaute

eu queria a sorte de uma pane de energia toda noite.
apaga a luz e usa a energia pra outra coisa.

a gente teria aposentado o micro-ondas pra jantar sempre à luz de velas. slow food. a gente ia ter desligado o Friends na tv pra rir das nossas próprias histórias. a gente teria deixado o trabalho no trabalho e a gente não usaria o computador pra nada. a gente ia jogar paciência a dois. com as cartas na mesa.
.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

soul for sale (again)

Poder, sucesso, dinheiro, beleza, juventude eterna.
O que é que te faria vender a alma?

Tema recorrente na cultura ocidental e neste blog:
O que é o dom mais valioso pra você?
O que você pediria em troca pro Coisa Ruim?

Eu já estive certa de que eu pediria tempo.

Hoje, creio, eu pediria certezas.
.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

tempestade de areia

ardem meus olhos de pouco dormir, muito chorar ou falta de umidade no ar?
meu peito aperta de muita tristeza, tanto cigarro ou calor infernal?
essa indisposição inerte veio pelo cansaço, pela apatia ou pela temperatura?

não é possível se sentir tão mal assim. it's gotta be the heat!
.

E o vento vai levando tudo embora...

Maldito Renato Russo!

Vento no Litoral - Legião Urbana



.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

lévi strauss. não o do jeans. o outro.

uma humilde reverência a Claude Lévi Strauss, o filósofo e antropólogo, no dia de sua morte.

o lévi strauss faz parte do meu repertório por causa da puc. e as coisas que ele falava, que eu aprendi nos livros, hoje em dia fazem parte da minha alma. o jeito que eu entendo o mundo tem a ver com o pensamento que ele ajudou a construir: a mente humana é o elemento primeiro de tudo que a gente conhece como mundo.

as estruturas sociais são o imediato reflexo das estruturas cognitivas. se você quer entender uma sociedade você deve estudar sua gramática, ele dizia.

eu não me lembro muito especificamente das obras que estudei. parece que o que ficou foi uma grande influência do olhar dele. e particularmente duas frases. são dois dos princípios definidos por ele, que regeriam a mente humana e, por conseguinte, as organizações e relações sociais, das mais simples às mais complexas:

'reciprocidade é o jeito mais simples de criar relações sociais.'

'um presente une ambos doador e receptor numa relação social contínua.'



vale pros índios da amazônia, pras sociedades ocidentais, pras tribos do pacífico. vale pras relações de poder entre estados, pras crianças do parquinho, pra duas pessoas que se encontram num bar qualquer.

esses princípios aí querem dizer mais ou menos 'quando um não quer dois não brigam'.

ou então, se preferir, que um relacionamento tem que ser feito de dois. ninguém consegue levar um relacionamento sozinho. os dois TEM QUE querer.

ninguém consegue dar um presente se o outro não recebe. perde todo o sentido. vira só uma imagem tanto triste quanto patética de alguém estendendo os braços diante do nada com um embrulho bonito e todo enfeitado com fita.
.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

pão de ló com recheio de doce de leite

do que você tá falando? ah, das pequenas coisas. sabe aquelas que você nem notava que eram tão legais? as coisas do dia-a-dia, você quer dizer? é... mais ou menos. não é bem isso não. é tipo uma mania que você inventa junto com o outro e faz sempre a mesma coisa, e repete até quando ninguém mais lembra porque começou? que nem sair dum casamento levando um bem-casado na mão e 15 escondidos nos bolsos do terno e na bolsinha de festa. hahaha que exagero! pois é. só pela piada. no fim era a isabel que comia. a gente vivia tentando fazer dieta, sabe?


.

domingo, 1 de novembro de 2009

o que eu faço agora?

a pergunta não me sai da cabeça. acabei achando uma resposta satisfatória. pelo menos por enquanto. e vamo tocando.


Ela faz aquela cara de interrogação e dispara: O que eu faço agora?
Fico sem saber o que dizer, até que, por fim, solto: Não faz nada.

É isso. Não faz nada.

(será que a resposta é pra ela ou pra mim mesma?)

Ou melhor, faz só as pequenas coisas. As mínimas, mais simples, aquelas menos pensadas. Fica cinco minutos debaixo do sol pela manhã. Toma um banho demorado. Passa o melhor hidratante. Prepara uma salada de frutas. Compra uma cerveja bem gelada. Escuta sua música preferida infinitas vezes. Dança sozinha na sala. Liga para um amigo querido. Corre no parque. Dorme a manhã inteira. Foge pra praia. Arruma a casa e limpa as gavetas. Trabalha direito. Espera o dia nascer pra depois sonhar acordada - cinco minutos tá bom, que o exagero estraga.


TEXTO DA SIMONE IWASSO. GÊNIA.
PRA LER MAIS COISAS DELA VAI LÁ NO LOCUTÓRIO.
.