quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Eu sinto muito

Eu tenho um descompasso entre crises de vida e idades.

Aos 9 eu sentia tédio e tinha consciência da gratuidade das coisas. Desconcertava meus pais fazendo perguntas sobre pra quê viver e morrer.

No começo da vida de mocinha, aos 12, fui parar num colégio só de meninas. A vida na bolha. Longa experiência de eu-não-pertenço.

No auge dos 22 eu vivia uma mid-life crisis. Choque de vida de adulto, cuidar dos pais adoecendo. Fomos todos precocemente envelhecidos.

Aos 27 eu já planejava em dois. Nossa casa. Nossa vida. Nossa mudança de país. Eu era “a grande mulher por trás de um grande homem”. Mas na verdade passei um bom tempo me sentindo um abajur.

Agora estou na porta dos 35. Pensando, pensando sem parar. Quem me conhece me diz que eu penso demais, sou intensa demais. Lamento. Eu não escolhi ser assim. Eu sinto demais. O tempo passou muito rápido desde que eu era uma garota interessantíssima de 28. E eu tenho saudade de viver o momento eu-sou-assim-e-pronto e cadê-meu-principe-encantado e todas as histórias de amores errados que aquela garota não viveu.

Vai entender...

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Um comentário:

Verônica Mambrini disse...

Oi, Silvinha! Gostei muito, muito dos posts em ritmo de poemas. Não sei se foram escritos para serem lidos dessa forma. Mas tem uma densidade neles, um sarcasmo com a vida que me atraem muito. Ao mesmo tempo, tem lances de doçura. Já assinei o feed!