Quantas chances a gente tem pra escolher como a gente vai ser?
Não estou falando de mudanças.
Estou falando daqueles lados todos que já existem em mim.
Eu escolhi ser alguns. E não outros.
Isso não quer dizer que eu não POSSO ser outras tantas coisas.
É só que ATÉ AGORA eu escolhi ser assim.
Eu me envolvi profundamente com pessoas e coisas que combinam comigo. (Ou pelo menos com essa pessoa que eu escolhi ser). O que será que acontece com esse meu "entorno" se eu resolver ser diferente? Ainda eu mesma, mas diferente? Será que tudo desaba? Será que ainda vai haver lugar pra mim?
O Veríssimo (Luis Fernando) tem uma crônica fantástica sobre algo parecido com isso. Ele conta a história de um homem, pai de família, cidadão respeitado, dentista. Viveu quarenta e tantos anos tranquilo, reservado, discreto. Boa gente, sempre, mas na dele. Um dia apareceu para o café da manhã com um daqueles óculos de plástico que vem grudados num narigão e um bigode de Grouxo Marx.
A família, espantada a princípio, morreu de rir daquela atitude! Mas essa agora! Acharam engraçadinho, meio bobo, mas divertido. Passado um tempo, como o homem não tirava o nariz, o clima foi ficando meio esquisito, e a família deliberadamente pediu para que ele parasse logo com aquilo. Brincadeira tem limite!
Mas não era brincadeira. O homem tinha decidido que dali em diante usaria o nariz. Seria a mesma pessoa, mas com aquele nariz. Pois é. No final das contas o Veríssimo é bem cruel com o pobre homem. Ele acaba abandonado pela família, desacreditado pelos pacientes. Até o cachorro passou a hostilizá-lo. Foi o fim.
Mas gente! É só um nariz do Grouxo Marx! Eu ainda estou aqui! Sou a mesma pessoa!
...
E se, em algum momento, eu resolver ser uma coisa diferente?Será que é justo julgar uma vida inteira por um nariz? (por mais bizarro que ele seja?)
8 comentários:
Dá até medo de comentar esse post
caro comentarista anônimo: muito obrigada por sua atenção e suas considerações tão bem expressas! adorei mesmo!
só que tem o seguinte: democracia é a putaqueopariu. quem não se identificar vai ser censurado!
aguardo sua visita com seu nominho assinado em baixo. beijinhos.
Essa crônica é fantástica, bem lembrado, Silvinha!
O fato é que apesar da estrutura "fixa" dá pra mudar muita coisa, mas nunca sem algum custo, pra gente e pros outros...Que se dane, é bom poder ser a mesma coisa e outra coisa, ao mesmo tempo. O diferente assusta, incomoda, mas eu ainda prefiro assim.
po fiquei curioso do ciomentário anonimo :p
Huummm... mas você comprou ou não o nariz do Groucho Marx?
nossa
texto muito legal
e tem uma logica
q realmente é dificil das pessoas
tomarem uma ideologia a partir dela
é dificl a gnte ser o que queremos
pq a sociedade parece nos moldar
blog muito legal
quando puder passa no meu
beijoss
eu entendi muito bem o que vc quis dizer, silvinha, ta? e acho errado ficar zombando do nariz dos amigos... e se eu resolvesse usar um nariz postiço, sei la, um grande, pra variar? ja pensou? sera que iam me reconhecer? hein? hein? heeeein??!
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