quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Desce daí!

Pilhada no trabalho! Ocupadíssima! Material da reunião de logo mais. Atrasada. Concentradíssima!

- Tem um senhor lá em baixo que quer falar com você.
- Hmmf... resolve isso pra mim? Dá pra parar aqui, não...
- Já tentei. Tem que ser você.

Vou descendo cheia de razão: Saco! Aparece sem marcar. Tem que ser eu! Que antipatia, cara! Tanta coisa importante pra fazer...

Ele me esperava de pé. Sozinho. Eu lembrei na hora. Esteve aqui há um tempo, com a esposa que se recuperava de uma neurocirurgia. A humanidade daquela lembrança me desarmou. Em tempo. Que bom.

Estiquei o sorriso e a mão. Ele segurou com as duas e não soltou.

- Desculpe aparecer assim, viu? Mas eu precisava muito vir.
- Ah...
- A senhora se lembra...
- Claro, claro... sua esposa...
- Sim? A senhora lembra, não é? Ela faleceu mês passado... Teve uma recidiva, sabe? Lutou tanto, mas...
- Puxa. Eu sinto muito...
- Eu vim aqui pra falar obrigado... Por tudo que a senhora fez. Os trabalhos que a senhora fez com ela. Ela gostou tanto. Falava isso sempre.
- ...
- Mas olha... eu não quero tomar mais seu tempo. A senhora é tão ocupada. Desculpe aborrecer a senhora com essas coisas tristes.
- Não... aborrecimento?... não... eu agradeço...
- Vou indo, então. A senhora me desculpe qualquer coisa. Obrigado mesmo. Ela falava sempre da senhora, viu? Tchau, filha. Fique com Deus.

Subi devagarinho as escadas e fui retornar uns telefonemas que eu achava que não tinha tempo pra fazer.
.

2 comentários:

mélis disse...

nossa!
ainda bem que vc é esse rímel a prova d'agua...

morri.

... por mais que esteja errada disse...

Tô boba... ainda bem que, no meio de tantas coisas, tem aquelas que só a gente pode resolver.