terça-feira, 11 de agosto de 2009

choque cultural

eu tive uma professora de cerâmica que, aos 18 anos, viajou sozinha pra áfrica no inicio dos anos 80. ela contava que a pergunta mais frequente que recebia era "cadê sua mãe?", visto que para todos alí parecia inconcebível uma moça estar sozinha. as mocinhas locais estão sempre acompanhadas. não lhes fazia sentido. a professora contava que demorava horas tentando explicar que sim, ela tinha família, mas viajava sozinha. quando parecia que sua resposta tinha sido aceita, vinha sempre outra pergunta: "mas como que sua mãe deixa você viajar sozinha?"

talvez tenha sido isso que aconteceu no congo com a secretária de estado americano hillary clinton, ao encontrar estudantes locais. o rapaz não me pareceu tentar ser agressivo ao perguntar o que o bill clinton achava de certa coisa. parece que pra ele é óbvio que a mulher saiba a opinião do marido. talvez na terra dele o marido tenha impotância na opinião política da esposa. talvez a ele fosse óbvio que ser esposa de alguém não é ofensivo.

mas ela pegou mal. bem mal. veja você mesmo:



sei lá. ela podia ter respondido a mesma coisa sem tanta mágoa, se tivesse tido um pouco mais de empatia cultural e um pouco menos de arrogância. call me naive, call me amelie poulain, mas acho que o rapaz do congo não tinha uma "agenda" por traz da pergunta e estava apenas tentando tirar o máximo da visita de uma pessoa tão importante supostamente dando atenção a seu povo...

é como se a cada vez que perguntassem pela mãe da minha professora ela se sentisse compelida a deixar claro que é uma mulher independente e livre e não está sob o jugo de uma estrutura falida e opressora como a família hierárquica e retrógrada. hello-ow! eu só queria saber cadê sua mãe, dude...

5 comentários:

giacca, synbad, tchuca... disse...

é, a hilary pegou mesmo mal. e tb acho q o rapaz nao fez a pergunta querendo insinuar q ela é apenas a esposa, portanto quem deve ter opiniões é seu marido.
mas nao tiro totalmente a razao de ela ficar puta. da mesma forma q ela deveria conhecer melhor a cultura local, o rapaz (estudante, q fala ingles, vive num país q se quer interncionalizado) deveria saber q na cultura ocidental, as mulheres tem absoluta autonomia, sobretudo as que sao secretárias de estado do maior país do planeta!
acho q no fundo nenhum dos 2 entendeu direito as consequencias da globalizacao. reinou a intolerancia e ignorancia.

mélis disse...

Ha-ha!
"what does Mr Clinton thinks THROUGH THE MOUTH of Mrs Clinton" foi foda! tô em choque cultural tb, junto com a Hilary.

êe, mundão véio sem portêra!

Thunderstorms, dreams and conversations disse...

Que brava!

naninha disse...

Ôô.. coitada, ficou chateada por saber que o marido ainda chama mais atenção do que ela, com a viagem à Coréia do Norte.

Quanto a pergunta. Acho que na verdade foi um erro de tradução, só isto. Ela podia ter sido um pouco mais diplomática e pedido para repetir a pergunta, sei lá.

Duda Camargo disse...

HAHAHA!!! Acho que o moleque poderia reagir de 3 maneiras:
(Agressiva)"Prefiro a opinião de quem disputou e ganhou uma eleição. Você só disputou e perdeu uma convenção";
(Ingênua) "Ah,tá bom, então eu vou perguntar pra ele o que a senhora acha";
(Sincera) "Tá barriguda, hein, Mrs Clinton?"