sexta-feira, 21 de agosto de 2009

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parte do meu tempo eu trabalho na universidade, por isso eu tenho que estudar e pesquisar sobre meu tema de interesse - no caso, o cérebro das pessoas.

por causa de uma dessas tais pesquisas, nesta semana eu tive que repassar o banco de dados de pacientes que foram atendidos desde 1998 (ano do meu ingresso na uni e da inauguração do serviço).

acabei me dando conta de que lembro de cada um dos pacientes que tive contato. só de olhar o nome. lembrei do rosto, da história, da família. sei que vai soar piegas, mas eu também lembrei de muita coisa que eu aprendi com vários deles: a primeira vez que entendi uma ressonância, o que é de fato uma amnésia, o quanto faz falta entender a piada, o valor de ter um sentimento validado por outra pessoa. infinitos insights e lições que me fizeram uma pessoa melhor e uma profissional menos inábil na hora de tratar os próximos que vieram.

entramos em contato com um grupo de pacientes pedindo que comparecessem novamente ao serviço para participar de um dos nossos novos trabalhos. os familiares de vários deles foram gentilíssimos e toparam nos ajudar, então terei o privilégio de revê-los em breve e saber como é que a vida vem caminhando. alguns estavam empregados e não teriam horário disponível. alguns não estavam dispostos a vir. um deles faleceu há 2 anos. a mãe de um outro faleceu há alguns meses, e como o pai trabalha o dia todo não teria quem o trouxesse. alguns não foram encontrados pois os telefones mudaram.

fiquei meio esquisita, coração apertado.
às vezes eu tenho medo da vida.


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4 comentários:

giacca, synbad, tchuca... disse...

tenha medo, não!
você tem construído uma história muito relevante e atípica, que mudou pra melhor a vida de um bocado de gente.
deve ser cansativo e constantemente desafiador, mas alguém precisa ter a força de fazer isso e não me parece que exista muita gente capaz de fazer no seu lugar.
aproveite sua invejável memória e, quando sentir medo de novo, lembre dos rostos agradecidos que pacientes e familiares demonstraram diante do reconhecimento do seu trabalho.
força, aí, véi!

Mia Sílvia disse...

O Giacca tem razão, meu bem.
É um desgaste contínuo, mas ajudar pessoas com seu trabalho significa a diferença entre a relevância e a mediocridade da vida de uma pessoa.
Tenho o mó orgulho de você, querida.

Thunderstorms, dreams and conversations disse...

Orgulho d+ de vc, qdo precisar já sabe. ♥

Mariana Leitão disse...

Sil,
Como faz falta contar e entender uma piada...
Obrigada por me ensinar o que você aprendeu com eles :)
Mari