quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Cair no Mundo

Tem um personagem que me comove de arrepiar e dar nó na garaganta por ser uma metáfora quase que literal do ser-no-mundo (ou dasain, pra filosofar em alemão). É o anjo do Nic Cage no remake do Win Wenders, que no original tem a trapesista do circo e o Peter Falk.

Quando a gente se dá conta que a vida é de graça e é dada, e que o jeito de viver a vida é uma escolha, a gente pode escolher viver de verdade e cair de cabeça em tudo mesmo sem ser perfeito e sentir tudo que vier sem se esconder.

Daí é que a gente cai no mundo.

O anjo do filme é protegido do tormento dos sentimentos humanos e vive em paz. Mas escolhe que pela chance de amar e sentir alegria, vale a pena até mesmo a certeza de que um dia vai sofrer.

O anjo escolhe ser humano e cai no mundo. Literalmente. E se espatifa no chão e fica todo machucado e doendo e feliz da vida porque está sentindo. Caído no mundo descobre que sentir é tão bom mesmo quando dói.













Fiquei aqui pensando que os caras que inventaram os idiomas devem ter levado isso tudo em conta quando decidiram que se apaixonar ia chamar 'fall in love'.
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3 comentários:

giacca, synbad, tchuca... disse...

em Português temos o "cair na real", que é quase a antítese do desejo do anjo. acho que os anglossaxões (sorry, é a reforma) eram mais românticos que os latinos (por maior que seja o contrassenso intrínseco desta frase, já que as línguas latinas são romanticas por definição)

Silvinha disse...

giacca, você tem toda razão. embora o sentido filosófico possa ser aproximado do 'cair na real', de fato nossa expressão não tem nada de romance.
estou aqui imaginando se a idéia dos inventores de idiomas não tem mais a ver com "ele tá caído por ela", "ela tem uma queda por ele" ou mesmo a swetérica expressão "cair de amores"...

Thunderstorms, dreams and conversations disse...

Caí all fours!