quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Memórias do Século Passado IV

Desde pequena eu levo tudo muito a sério. Acho que eu não posso errar ou não saber alguma coisa que eu deveria saber. Dia de prova era tenso, ainda mais quando a matéria não era exata ou não tinha regras pra seguir. Proparoxítonas me deixavam segura porque sempre tinham acento. Equações de segundo grau pediam fatoração ou fórmula de Baskara. Simples assim. Ciências exatas, naturais, letras, até mesmo história, com datas e fatos: zona de conforto.

O que complicava eram as ciências humanas. Na prova, as perguntas começavam com "Dê sua opinião", "Analise os prós e os contras". Fala sério! Socorro! Pacto de Varsóvia, OTAN, Veias Abertas da América Latina, OPEP, Estado de Israel. Não tinha como dizer quem era do bem, quem era do mal. Tantos fatores em jogo, tanta ideologia disfarçada, os interesses mudavam por causa de uma pequena alteração no cenário. Eu tinha a constante sensação de que jamais ia conseguir entender aquilo tudo direito.

Minha professora chamava Luzenilde e parecia ter especial prazer em me ver confusa, questionando tudo, aprendendo na incerteza. Não tem certo ou errado, ela dizia, não contendo um risinho sádico. Eu quero saber o que VOCÊ acha!

Eu sempre saía chorando das provas de geo-política.
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2 comentários:

Mia Sílvia disse...

Linda! e a gente continua assim pra sempre. E me perguntaram, afinal, o que você acha dos transgênicos? há anos estou tentando decidir se acho bom ou não....

Plinio Bolognani disse...

as pernas tambem são coisas que muitas pessoas deveriam saber quando abrir e quando fechar, conforme pede a ocasião...