terça-feira, 3 de março de 2009

acho que eu tenho quase certeza absoluta

ou eu não poderia ser uma covre com certeza talvez

Tenho uma amiga que tem um gosto particular por saber a verdade por trás de tudo. Tinha que ser cientista, né? A gente estava no País Basco, num pueblito maravilhoso, todo lindinho, florido, europeuzinho, com gente simpática, bicicletas, igrejinhas. Um dia eu acordo e ela já está vestida, pronta pra sair:
-Vou 'desmascarar' essa cidade!
- Hein?
- É. Vou andar nas ruas laterais, vou chegar na periferia! Isso aqui tá tudo muito certinho. Só pode ser de mentira!

Na época eu achei muito engraçado e não dei muita trela. Uns tempos depois entendi que essa inquietação dela também me aflige. E que o negócio é muito mais sério do que parece. E se manifesta de várias formas. O que essas expressões de aflição têm em comum é o maldito assunto recorrente da minha cabeça nos últimos tempos: eu questiono tudo, duvido de tudo e não tenho nunca certeza de nada.

É sempre essa mesma mania. Se está muito arrumado quero saber se funciona na bagunça. Se está muito quieto quero saber se vai suportar quando houver barulho. Se está muito bom quero saber o que vai acontecer quando ficar ruim.

Que ódio dessa insuportável consciência de que tudo muda e de que nada é só bom ou só mau. Seria tão mais fácil classificar as coisas em certo e errado e apagar os tons de cinza!

Sem falar na insanidade que é ter que conviver com a relatividade histórica das coisas! Já reparou que nunca dá pra saber se algo aconteceu para melhor ou para pior? Sabe a perna quebrada que te impede de jogar no campeonato da escola e mais pra frente te deixa pra fora do time da cidade e depois ainda te deixa fora das olimpíadas, mas que no fim foi o que te tirou daquele avião de atletas que caiu e matou todo mundo?

O que eu queria mesmo era ter certeza que o que parece a melhor escolha hoje não vai virar a pior estupidez da minha vida amanhã.

Dá muito trabalho viver nessa vida de ponderações, entretantos e poréns. Affff...


it ain't over 'till it's over. you'll never know...
.

7 comentários:

mélis disse...

dá trabái pá carái mááá!

Plinio Bolognani disse...

acho que eu tambem tenho isso...

Thunderstorms, dreams and conversations disse...

Mas como ser diferente? Talvez nem seja melhor ou pior, só diferente.

calenza disse...

acho que isso aflige a todos. é igual ver globo e ficar sonhando com o sbt, mesmo que eu não assista a nenhum dos dois...
bja

mélis disse...

Eu gosto desse post. ele é daqueles de ficar relendo e relendo, né, sua danada?
ou melhor, imprimir em letras garrafais e colar na parede de casa. Porque esses fucking 'what if' quase tiram o gosto bom do momento presente. ( thanks Sil, por ser esse a´lívio, e esse rímel e etc...)
Bora jogar fora nossas vidas, bora rasgar dinheiro, desperdiçar nosso tempo! é tudo nosso! hahaha

Pri em York disse...

Sil, you got it!!! atormentadas pela perfeição, pela imperfeição e pelo meio termo!
:(

©carmen zita disse...

Não podia concordar mais consigo. Eu também acho que talvez tenha quase a certeza absoluta :)