sábado, 7 de março de 2009

Ao amigo cineasta, un croissant et un coer!

Tem esse meu amigo que escreve e faz cinema. Ele próprio é um personagem. Fala mais rápido do que o interlocutor consegue escutar. Às vezes come umas letras quando escreve. Parece ter mais coisas rolando dentro da cabeça do que consegue de fato por pra fora. Precisa escrever, falar, filmar. Ainda assim é inquieto e frequentemente distraído pelo seu próprio barulho mental.

Pelo que conheço dele, os relacionamentos humanos são o tema favorito. Acho que ele gosta de família, lealdade e vidas que se cruzam com ou sem motivo. Mas ainda se sente mais a vontade falando de histórias de homens e mulheres.

É corajoso o suficiente pra falar de masculinidade em tempos de feminismo estúpido e canalhização dos homens. Em tempos de politicamente correto consegue ser sensível e não ofensivo, mas ainda masculino, quando escreve sobre desejo, romance, sexo e paixão. Mostra até uma certa pureza, como quem não se tornou cínico sobre o sexo oposto apesar do conhecimento de causa. Um homem-menino que ainda não se desencantou por uma imagem idealizada das mulheres e, por isso, mostra-se um observador generoso e lisongeiro em seus textos. *

A nossa sorte é que ele bancou ganhar dinheiro com isso. Tem que escrever todo dia pra viver. Graças a deus não escolheu uma profissão outra, que o ocupasse e obrigasse a silenciar o turbilhão de idéias. É possível que ter que escrever doesn't matter what seja mais sofrido pro autor, mas é melhor pro público. O autor desafiado tem que aprender a disciplinar a inspiração.

Uma hora dessas no bar ele estava tão inquieto que não conseguia acompanhar o assunto da mesa. Do nada disse que ficava puto porque não tinha a certeza de que conseguiria um dia escrever um filme que todo mundo sacasse. Um filme universal. E foi assim que quem se perdeu do assunto da mesa fui eu, pensando sobre o que seria o filme universal.

O que será que faz uma obra tocar todo mundo? Não há de ser por uma história, nem por uma linguagem, nem por uma técnica. A forma acaba esbarrando sempre em um quê de regional e datado. O único jeito de ser universal mesmo é rasgar o coração e achar um jeito de filmar aquilo que se sente. Porque sentir é única coisa que faz todo mundo igual.

Pois é darling, eu lamento. Sei que vai doer, mas você vai ter que se acostumar a se expor mais e mais. E vai ter que aprender a entender porque é que as pessoas acham isso tão bonito.
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Um comentário:

mélis disse...

post matador. coração já doendo logo na segunda de manhã.

quanto ao croissant com coração, eu GOSTO deles! assim, como 2. sweeties!

GÊNIA! de fazer um lugar pra locar os PSs e footnotes!

e, a parte do filme: éssedois. tó.