domingo, 8 de março de 2009

Am I the same girl? Really?

Z Carniceria. Rua Augusta, 934. Centro.

Na semana passada um dos amigos jovens sugeriu um lugar diferente pra nossa cervejinha semanal. No baixo Augusta, mantém o clima da locação - um antigo açougue. Tem garçonetes poptchura de topetinho e rabo de cavalo, dj a postos mandando bem num rockabilly clááááááássico.

Eu cheguei cedo, antes de todos os amigos, e acabei ficando por alí admirando a fauna população local. Misturados a uma pequena minoria de gente normal, havia menininhas descoladas em estilo lillyallenesque. Garotas mais "maduras", quase da minha idade, vestidas e maquiadas com um ar de Betty Boop. Uns novos modernos - 'os compridos' que agora andam por aí: muito magros, muito altos, meio andróginos, de roupa muito apertada e cabelinho liso meio comprido (acho que eles são a tribo chick magnet do momento; vieram substituir os cabelinhos encaracolados + barba).

E tinha também outra galerinha, que foi a que mais me intrigou, composta na maioria por homens, já confortáveis na década dos 30, de topete e costeleta, cheeeeios de tatuagens, piercings, alargadores de orelha, etc e tal. Eles me pareciam incrivelmente familiares. Era uma viagem ao século passado, quando esses caras ainda estavam na primeira tatuagem, exibida com orgulho em baixo da manga meio dobrada da camiseta. E eu ainda era menor de idade e meu pai me levava com as amigas pra dançar na Praça Roosevelt num muquifo chamado HOELLISH, que tocava rockabilly e era o lugar mais legal do planeta.

Corta pra quase 20 anos depois. Lá estamos todos: eu e os carinhas de topete que dançavam com a gente e faziam a gente suspirar de saudade durante a semana. Só que agora eles têm muitas tatoos a mais e alguns piercings pelo corpo. O resto estava igual: roupas, cabelo, atitude. E eu tenho quilos a mais. E uso roupas sem graça pra trabalhar no consultório. E tenho atitude sempre meio preocupada de quem carrega muitas chaves na bolsa. E nunca mais ouvi meus discos do Buddy Holly.

No caminho do banheiro passei pelo dj e tive um impulso de cumprimentá-lo, porque o som estava sensacional. Ele pareceu surpreso com o elogio e sorriu meio sem graça, daqueles sorrisos sem malícia que fazem os homens parecerem meninos - acho que foi por isso que eu o reconheci. Aposto que você tem 30 e poucos anos, eu disse. Ele só assentiu com a cabeça. Você não era amigo do Johnny e estava sempre na Hoellish da Praça Roosvelt? Ele deu uma risada mais relaxada de quem agora estava entendendo aquele papo esquisito: Nooossa! Faz tempo! Mas eu sabia que te conhecia de algum lugar... É, eu também sabia. Bom, valeu pelo som. Falou.

Ainda bem que ele me reconheceu. Porque eu mesma quase já não me reconheço mais. Tem coisas que aconteceram há tanto tempo que eu nem consigo saber se minhas memórias são de verdade.



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Fiquei tão saudosista! Deu vontade de dividir umas lembranças.








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5 comentários:

Plinio Bolognani disse...

Nossa que saudade disso... aposto que existem muito "Josés" de pijama no carro na porta desse lugar hoje em dia.

É isso aí véio, a gente cresce e nossa vida vai ficando cada vez mais dificil, solitária e sem graça. Acho que é normal par alguns. Muitos chamas isso de evolução, desenvolvimento, carreira.

Mas tem muitos dias que eu acordo querendo que alguem bata na minha janela, gritando "pliniooooo, vamo andar de mobilete e jogar futebol no tesca..."

Hoellish é, além de tudo, um período, não é mesmo?!?! "ahh isso era na epoca da Hoellish"; "ahh se eu tivesse na epoca da heollish, isso não seria um PROBLEMA"....

Thunderstorms, dreams and conversations disse...

Cara, eu adoro essas viagens e investigações do passado. 33 Memory Lane St.

mélis disse...

"Uns novos modernos - 'os compridos' que agora andam por aí"
HAHAHAHA SENSACIONAL!
como eu tô por fora! eles são a tribo chick magnet do momento? oh my!

B. disse...

outro dia eu tava pensando nessas pessoas que, aos 30, são versões exageradas do que eram aos 20. tipo os tatuados de piercing que vc citou. não sei, posso parecer preconceituosa, mas acho tão atrasado quem se fantasia aos 30... tudo bem, tem a coisa de ser diferente e tal, mas nessa idade ainda é necessário ficar provando coisas pras outras pessoas, fazer parte de tribos, coisa e tal?

hummm...

fui muito tia velha agora, né? hahahaha
beijos!

elke julie disse...

Eu frequentei muito o Hoellish, namorei um Dj chamado Jaime, ele tinha um moicano gigante, vc lembra? Rsrsrsrs... saudades deste tempo! Um abraço.