sexta-feira, 8 de maio de 2009

Caramujo

Em 1996 eu montei meu primeiro consultório. Foi uma empreitada em conjunto com mais 6 pessoas, sendo que 2 delas (as únicas que não eram recém-formadas) pularam do barco menos de 1 (um) mês após assinarmos o contrato de aluguel, abrirmos a conta conjunta no banco, contratarmos a imensa reforma, etc e tal.

Mas tava tudo bem, porque a gente estava junto. Ninguém poderia escolher uma turma melhor pra começar a carreira. Sócias, amigas, irmãs. Foram anos de pindaíba coletiva, meses e meses no negativo, trabalhos braçais alternativos pra sustentar o CENPS (era assim que chamava o nosso Centro de Neuropsico).

Apesar de muito trabalho no hospital (não-remunerado) o consultório começou muito fraco e nossas contas eram absurdamente altas. Assim sendo, nosso dinheirinho de pagar as contas e as cervejas vinha da venda de mantas de algodão, trabalho no balcão da cafeteria, aula de balé, aulas de inglês, secretariagem da professora, baby sitting, monitoria de acampamento, rolo com o vale refeição dado pelo pai.

Passados os primeiros anos de puro sufoco, todas nós fomos nos ajeitando e pudemos fazer do consultório nossa fonte de renda principal. Foi a melhor época da minha vida profissional, sem sombra de dúvida.

A gente foi crescendo, namorando, juntando, casando, mudando. Uma saiu e voltou, a outra saiu e mudou, a outra veio, a outra foi, a outra mudou um tempo depois. Em 2006 sobramos eu. Mudei de andar, arrumei uma nova sócia e eis que aqui estou há 13 anos, neste mesmo prédio.

Só que agora eu preciso mudar porque o espaço ficou pequeno demais pra uma sócia e eu. Vou agora em carreira solo. Um consultório só pra mim.

Só que eu tô pra morrer de preguiça e antipatia de pensar em bater perna pra achar um lugar novo (semanas andando, mil telefonemas, negociação de grana, conquistar o novo porteiro, descobrir as manhas do lugar), reformar tudo (semanas e semanas de encheção de saco e gastos exorbitantes), encaixotar minhas coisas, dividir "os bens" com a futura ex-sócia, fazer a mudança, avisar todo mundo (colegas, telefonica, internet, bancos e assim vai)...

Eu sofro demais cada vez que tenho que mudar qualquer coisa, mas a verdade é que eu gosto. Mudança é bom. Eu gosto de coisa nova. Mas tô apavorada de pensar no perrengue que eu vou passar nos próximos tempos.

Porque dessa vez estou como vim ao mundo e como dele sairei: sozinha.
.

8 comentários:

mélis disse...

tó.

sagel disse...

Zeca, se saudade matasse, eu tava morta, cremada, viajando pelo mar de ubatuba.... boa sorte no consultório novo! é difícil, meio solitário, mas também é tudo de bom!!! bem menos problema do que a gente precisa.... ou.... vem pra cá!!!!!

giacca, synbad, tchuca... disse...

vc nasceu assim, mas nao eh mais sozinha...
desejo muito boa sorte no escritorio novo. vai ser um sucesso!
e essa frase vai ser mais retorica do que pratica, mas se precisar de algo, pode contar comigo pra ajudar!

Silvinha disse...

xiiii giacca, você que pensa que essa frase é retórica!
em prédios comerciais as mudanças e reformas são feitas nos fds. e sempre sobra uns parafusos pra comprar, umas poltronas pra carregar. sabe como é né?

Duda Camargo disse...

Bom, pra começar, tenho certeza de que esse passo vai ser mó sucesso. Depois, também me ofereço maisdoquerretoricamente, até porque eu tô desempregado e sem fazer nófis durante o dia. Então, se precisar, tamos aí.

Plinio Bolognani disse...

fala sério agora... vc Gooooooosta, vai...

é mó gostosos mudar, a pintura, decorar, deixar tudo com sua cara...

vc vai ver, no fim será: tudo meu, mó orgulho!

Thunderstorms, dreams and conversations disse...

Então, eu to aqui, free e willing to help, u know I have good taste...hehehe.

Unknown disse...

Um dia também vou ter o meu, Ia! Vou sim! Por enquanto... posso dar uma mãozinha. Não tenho bom gosto, não entendo nada de reformas, não tenho muito tempo livre... mas ia amar ajudar se necessário. Super beijo e com certeza você vai AR-RA-SAR, beeeiiinn! Sucesso garantido.