sábado, 8 de novembro de 2008

E se?

Quantas chances a gente tem pra escolher como a gente vai ser?
Não estou falando de mudanças.
Estou falando daqueles lados todos que já existem em mim.
Eu escolhi ser alguns. E não outros.
Isso não quer dizer que eu não POSSO ser outras tantas coisas.
É só que ATÉ AGORA eu escolhi ser assim.

Eu me envolvi profundamente com pessoas e coisas que combinam comigo. (Ou pelo menos com essa pessoa que eu escolhi ser). O que será que acontece com esse meu "entorno" se eu resolver ser diferente? Ainda eu mesma, mas diferente? Será que tudo desaba? Será que ainda vai haver lugar pra mim?

O Veríssimo (Luis Fernando) tem uma crônica fantástica sobre algo parecido com isso. Ele conta a história de um homem, pai de família, cidadão respeitado, dentista. Viveu quarenta e tantos anos tranquilo, reservado, discreto. Boa gente, sempre, mas na dele. Um dia apareceu para o café da manhã com um daqueles óculos de plástico que vem grudados num narigão e um bigode de Grouxo Marx.

A família, espantada a princípio, morreu de rir daquela atitude! Mas essa agora! Acharam engraçadinho, meio bobo, mas divertido. Passado um tempo, como o homem não tirava o nariz, o clima foi ficando meio esquisito, e a família deliberadamente pediu para que ele parasse logo com aquilo. Brincadeira tem limite!

Mas não era brincadeira. O homem tinha decidido que dali em diante usaria o nariz. Seria a mesma pessoa, mas com aquele nariz. Pois é. No final das contas o Veríssimo é bem cruel com o pobre homem. Ele acaba abandonado pela família, desacreditado pelos pacientes. Até o cachorro passou a hostilizá-lo. Foi o fim.

Mas gente! É só um nariz do Grouxo Marx! Eu ainda estou aqui! Sou a mesma pessoa!

...

E se, em algum momento, eu resolver ser uma coisa diferente?Será que é justo julgar uma vida inteira por um nariz? (por mais bizarro que ele seja?)

3 comentários:

Thiago Rivero disse...

quem sabe çomo ninguem falar dessas vidas louças é o Borges, da uma lida em a loteria da babilonia, eu açho q tem a ver...
sabe eu açho q çada esçolha nos leva a sermos quem somos e que a çada momento mudamos a masçara da vida que vivemos...a questão toda é, será que um dia, MUDANDO DE MASÇARA a gente pode deixar de nos reçonheçemos para sempre?!

Que será que será que da dentro da gente que NAO DEVIA...

mélis disse...

aaai! mais um post preferido!

"salto quântico dos macaquinhos nas ilhas" daquele meu pensamento de que, de fora, se vê uma parte tão pequena do labirinto dentro das nossas cabeças.

bjs minha amiga inteligeitor!

mélis disse...

eu fico "indo-vindo" nesse post. hã? hã? ia-vinha, indo-vindo?
adóóowro. quero um nariz estranho. pode ser uma mini-beringela de cartola?