quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Intempéries

Aquele cantinho da sala da nossa casa parece o pátio da casa da Frida Kahlo. É cheio das nossas referências, dos nossos gostos, coisinhas penduradas, mantas, plantas, o oratório que eu trouxe da Bahia. A orquídia rosa está super florida, eu ganhei dos meus meninos pequenos no meu aniversário e coloquei naquele vaso que eu adoro, de porcelana coral. Tem uma corrente de contas de cristal com o passarinho de vidro na janela. Os cristais espalham o sol em bolotas de arco-iris pelas paredes. E o espelho grande duplica todas as cores. Amarelo, açafrão, azul, verde, roxo, magenta, laranja, vermelho.

Em tarde abafada de deserto mexicano não dá vontade de se mexer pra não piorar o calor. Mas eu tive que sair correndo por causa do aperto enorme na garganta na hora que eu vi que estava tudo molhado, porque chovia lá dentro. Meu amigo falou que no deserto do Chile as casas não tem teto. Na certeza da estiagem, a proteção que o teto poderia oferecer perderia o sentido e seria só prisão. Mas pobrezito de quem tem tanta certeza de alguma coisa. Essa casinha que a gente constrói em dois tem que cobrir sim, e cuidar todo dia. Esses cantinhos da nossa vida cheio das nossas coisas são sagrados. A gente não pode deixar nada estragar.
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6 comentários:

mélis disse...

Morri.

calenza disse...

esse teu amigo deve ser muito gênio ou in-gênio...
bja

giacca, synbad, tchuca... disse...

já tá tudo bem, tudo vai dar certo...
sao pedro confundiu sua sala com Floripa, so isso...
Bjs

Mia Sílvia disse...

Que triste, meu amor!

mélis disse...

eu não canso desse post... e MORRO toda vez que eu leio!

Thunderstorms, dreams and conversations disse...

Imortal as the time, memories. just lovely.